Por Júlio César Carignano, jornalista
Dia 7 de abril é lembrado o ‘Dia do Jornalista’, profissional por vezes amado por vezes odiado, mas especialmente pouco valorizado. Por vezes submisso, por vezes transgressor, alguns burocráticos, outros ‘errantes’, nômades em busca de novas oportunidades, da história perfeita ou do próximo destino indicado pelo local do freela na passagem do busão.
Afirmar que a data é momento de reforçar lutas para necessidade da valorização da profissão e do profissional jornalista é natural (e obrigatório), então vale lembrar daquele profissional cada vez mais distante das redações, ‘malditos’ jornalistas que servem de inspiração para alguns e são sinônimos de transgressão para outros pelo simples fato de terem e emitirem opinião, não se contentando com estado natural das redações (cada vez mais lineares) no status quo midiático.
Aqueles que não querem brilhar como ‘estrelas’, não se importam com badalação, não querem dar ‘carteiraço’, tampouco são vislumbrados com a função, pois a desempenham com prazer e, sobretudo, com qualidade para que ela atinja o interesse público.
Não se preocupam com status diferenciado, não querem agradar superiores ou apenas ‘mostrar serviço’, fazendo conchavo ou média com as chamadas fontes oficiais, sejam elas do poder público, privado ou do Estado policial.
Não querem levar a frente apenas a transmissão de pensamento daqueles que assinam suas carteiras (quando assinam!). Não querem ser meros porta-vozes dos poderosos.
Não se importam com a transgressão de regras pré-estabelecidas, em alertar para o ‘terrorismo’ que muitas vezes acontece no interior de redações, mesmo que isso lhe custe a garantia do retorno à ela ou que seja uma passagem direta o setor de recursos humanos da empresa. Aceitam ir do inferno ao céu desde que sua liberdade não seja cerceada, pois “um jornalista sem voz é como um animal castrado”.
Querem usar palavras para dizerem verdades inconvenientes – que muitos não enxergam e outros fingem não existir. Miram cidades depravadas e viciadas de costumes atrasados, atitudes autoritárias e repletas de falsos moralismos como uma grande oportunidade de denunciar verdades óbvias ocultas nas quantidades excessivas de informações.
Suas lutas vão desde lutar contra limites de caracteres até as propagadas linhas editoriais. Profissionais independentes que incomodam governos e os ‘barões da comunicação’. Profissionais que gostam do povo, das personagens, vêem nelas mais importância que a pauta em si. Não suportam telefones ou emails, gostam do contanto com as fontes, gostam de pisar no barro.
Para alguns o cigarro é o maior companheiro, para outros o café serve para ‘aliviar’ a tensão e servir de inspiração. Não estão preocupados com a repercussão de sua ‘anti-convencionalidade’ ou a estereotipagem que isso poderá acarretar. Por vezes escreve com ironia algumas situações em uma tentativa incessante e desesperada de fugir de suas angústias.
A todos esses ‘malditos’ – por vezes geniais e sempre geniosos – os parabéns pelo Dia do Jornalista, lembrando especialmente os que já se foram e ensinaram muitos. Profissionais que como citou o filósofo Karl Marx são a ‘boca e olho onipresente’, verdadeiros ‘cães de guarda públicos’.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
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Um comentário:
o pior é ver os colegas aceitando passivamente a censura nas redações: Falou tudo Julio
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