quarta-feira, 1 de junho de 2011

À espera de uma resposta

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná informa aos filiados e à categoria que as negociações com os patrões estão em compasso de espera. No dia 16 de maio, uma comissão formada pelo advogado representante dos trabalhadores, Sidnei Machado, o presidente do Sindijor-PR, Márcio Rodrigues, e a diretora de comunicação da entidade, Maigue Gueths, foi recebida pelo interlocutor oficial das empresas. O objetivo do encontro foi encerrar a negociação, que se arrasta desde agosto de 2010. Como último esforço em prol do fechamento da Convenção Coletiva, a direção do Sindicato propôs que o documento fosse renovado mantendo-se praticamente idêntico ao anterior e acrescentando a ampliação da licença maternidade para seis meses (hoje são quatro) e a concessão de um por cento de aumento real. Ou seja, a inflação medida pelo INPC/FGV de 4,68% sendo reposta integralmente, mais um por cento, perfazendo o total de 5,68%, retroativo a outubro de 2010. Algo muito razoável, inclusive na opinião do próprio representante patronal no encontro com a comissão.

O advogado que representa os dois Sindicatos patronais, Roberto Santiago, solicitaria uma “assembleia com os empresários até quinta-feira” (19/05). Ele acreditava que empresas que não pudessem enviar participantes seriam consultadas por telefone. Revelou ainda que nos daria uma resposta em breve. Falou que possivelmente na sexta-feira (20), ou no máximo no início da semana posterior – fosse a resposta positiva ou negativa.

Nem comunicação, nem consideração...

E até hoje, dia 1º de junho de 2011, não nos foi dada uma resposta. Embora já tenhamos buscado um posicionamento da outra parte, simplesmente não há respostas. Em consulta feita na semana passada, Roberto Santiago se mostrou lacônico: “quando tiver uma resposta, ligarei”. É o retrato da intransigência e do descaso em relação aos jornalistas do Paraná. Para ciência da categoria reproduzimos a seguir um breve histórico da luta pelo aumento real:

Cronologia

17 de agosto/2010 – entrega da pauta de reivindicações aos Sindicatos patronais, com a presença de representantes da direção das duas entidades empresariais. Ou seja, 43 dias antes da data base (1.º de outubro).

20 de setembro/2010 – os representantes patronais desconsideraram a pauta de doze itens, entregue por escrito e assinada pelos dois Sindicatos de trabalhadores, e apresentaram como proposta única o rebaixamento do piso para R$ 1.200,00, congelamento do anuênio e o fim da progressão para novos contratados, e redução do percentual de hora extra para 50%.

30 de setembro/2010 – assembleias realizadas no Sindijor-PR e Sindicato do Norte do Paraná (Londrina) rechaçam integralmente a proposta patronal, reafirmando o clamor da categoria por negociar a partir da pauta apresentada em agosto. Ambas as entidades votaram ainda por manter assembleias permanentes e coletam assinaturas nas principais redações do Paraná.

18 de outubro/2010 – em encontro na AERP (Curitiba), marcado por manifestação com a participação de cerca de 60 pessoas (jornalistas, estudantes e professores), representantes da categoria descartam o desrespeito patronal em forma de proposta e reafirmam exigência de negociar a partir da pauta de reivindicações apresentada.

25 de outubro/2010 – em reunião no Sindijor-PR, patrões admitem pagar aumento real de 1%. Mas exigem fim do anuênio. Sindicatos reafirmam que não há possibilidade de trocar o certo pelo duvidoso, pois ao congelar o anuênio, dando 1% de aumento, haveria incoerência com a proposta vitoriosa nas assembleias de 30 de setembro.

4 de novembro/2010 – nova reunião no Sindijor-PR acaba sem avanços. Os patrões acenam apenas com a renovação da CCT, reposição da inflação e admitem apenas ampliar a licença maternidade para seis meses. A categoria passa a aderir às campanhas de mobilização (preto e roxo) nas redações. Nessa reunião, no entanto, os patrões se comprometem a apresentar por escrito suas propostas no próximo encontro (17 de novembro).

16 de novembro/2010 – blefe e desrespeito voltam a ser a resposta patronal apresentada. Na véspera do encontro, os sindicatos patronais, contatados para definir horário e local do encontro do dia seguinte, responderam apenas não ter novas propostas e que o encontro estava cancelado.

17 de dezembro/2010 – após várias manifestações de preto&roxo em redações Estado afora, aconteceu uma retomada da negociação em mesa-redonda realizada na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), em Curitiba. Mas a intransigência patronal foi a mesma: no encontro, representantes dos empresários de mídia negaram qualquer possibilidade de reajuste acima da inflação se não for para confiscar de outro lado um direito já consolidado.

21 de janeiro/2011 – novo encontro entre jornalistas e empresários resultou num mesmo bordão: "NÃO" patronal e jornalistas mantendo a "MOBILIZAÇÃO". A negociação que já se arrasta por cinco meses.

22 de fevereiro/2011 – semana de mobilização termina com reunião na SRTE. No encontro, novo “não” patronal, mesmo com a pauta de reivindicações sendo reduzida apenas para um aumento real, abdicando-se todos os demais itens da pauta original, forma utilizada pelos representantes dos trabalhadores para dar fim ao longo e agonizante período de negociações infrutíferas.

março de 2011 – o sindicato muda a estratégia e passa a procurar empresas para fechar acordos em separado. Primeiros esforços quase surtem resultado, mas sindicatos patronais proíbem empresas de conceder aumento real. Visitas às empresas de rádio, jornal, televisão recebem a oferta, mas não se manifestam.

O Sindijor visita o Ministério Público do Trabalho e pergunta se a ata negativa dos Sindicatos Patronais, produzida no último encontro na Superintendência do Trabalho, poderia ser o caminho para a negociação seguir para a Justiça do Trabalho. O chefe da Procuradoria nos diz que apenas um documento nesse sentido, assinado pelos dois lados, poderia servir para buscar a mediação da Justiça do Trabalho.

Abril de 2011 – em comunicado interno ,o Sindicato de Rádio e TV sugere aos associados que concedam inflação do período para não haver impacto muito grande quando do fechamento da CCT. O Sindijor continua procurando empresas que assinem em separado, sem sucesso.

Maio de 2011 – APP-Sindicato assina acordo em separado e concede 7% entre reposição e aumento real aos seus jornalistas.

Nesse meio tempo, de agosto de 2010 até o momento, 92% dos trabalhadores organizados receberam aumento real.

Os funcionários públicos receberam reposição de 6,5%.

A pergunta que não quer calar: por que tanta intransigência para fechar uma Convenção Coletiva de Trabalho com aumento real para os jornalistas do Paraná, uma vez que todos os demais pisos do Brasil receberam, ao longo dos últimos cinco anos, aumento real?

2 comentários:

Júlio disse...

Acho que o título deste post deveria chamar "à espera de um milagre"...

Anônimo disse...

Só uma dúvida: porque diabos não levam o caso à Justiça? Estamos sem qualquer reajuste e daqui a quatro meses a defasagem salarial vai chegar a mais de 10%. Aumento real não saiu, mas a defasagem está mais que real, todo mês nos nossos salários.