quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Solidariedade à Jornalista Cristiane Fortes. Cobrança às autoridades

Adir Nasser Junior




















Márcio Rodrigues *


O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná se solidariza com a Jornalista Cristiane Fortes, a qual, na manhã dessa quinta-feira, dia 25 de agosto de 2011, foi covardemente agredida nas dependências da Prefeitura Municipal de Quatro Barras, município que fica à Leste de Curitiba, e compõe a Região Metropolitana da Capital paranaense. Dentro da prefeitura, Cristiane levou um soco no rosto e sofreu cinco pontos internos e dois externos, no lado esquerdo da boca, além de ter suspeita de fratura no nariz. O autor do fato foi o assessor de planejamento da Prefeitura, Frederico Bernardi.

Cristiane estaria no local para cobrar a veracidade das informações publicadas no jornal Agora Paraná, em matéria publicada na edição de ontem, na qual é acusada de agir por interesse político do grupo ao qual pertence. A fonte é o promotor público do município de Quatro Barras, Octacílio Sacerdote Filho, o entrevistado ainda insinua que ela agiria como achacadora – embora não seja claro, leva a crer que Cristiane teria esse procedimento. As denúncias teriam sido formuladas por Bernardi – o que não se comprovou até o momento.

A Prefeitura soltou uma nota oficial na qual acusa Cristiane de ter “invadido salas e agredido funcionários”. Por mais que isso realmente se configure como verdadeiro, nada justifica a atitude de Bernardi. Como agente público, ele deveria ter uma postura diametralmente oposta à comprovada por exame de corpo de delito, realizado no meio da tarde de ontem por Cristiane, no Instituto Médico Legal de Curitiba, o qual comprovou as agressões.

O Sindicato dos Jornalistas, como órgão de defesa dos interesses morais e materiais da categoria no Paraná, vem a público colocar alguns questionamentos no caso e posicionar-se ao lado da jornalista:

1) Como um promotor pode utilizar o espaço público (o jornal Agora Paraná é órgão oficial da Prefeitura) para fazer acusações, ao invés de utilizar os instrumentos legais que tem a sua disposição para investigar, constituir provas e oferecer denúncia?

2) Por qual razão os funcionários agredidos por Cristiane não foram denunciá-la no Distrito Policial da cidade?

3) Em que momento o autor da agressão física parou os ataques?

4) Por que as denúncias feitas por Cristiane Fortes ao promotor público de Quatro Barras, que variam de prevaricação a malversação de recursos públicos passando ainda por nepotismo, não saem do papel, muito embora ela as construa com provas documentais?

5) E, não menos importante: seria o exercício do jornalismo investigativo, capaz de denunciar desmandos motivo suficiente para uma agressão física contra os profissionais?

O jornalismo e os jornalistas continuam sendo vítimas da violência e que ainda há muito para avançar na construção de uma imprensa livre, democrática e regulamentada em bases democráticas.

Nesse sentido, Cristiane se coloca como uma das vítimas dessa brutal realidade, e entrará para as estatísticas de 2011 no relatório feito pela Federação Nacional dos Jornalistas, o qual computa dos casos de ataques a jornalistas no Brasil. Somente em 2010, foram 43 jornalistas agredidos ou mortos no exercício ou em função dele.

Contudo, o caso não será um mero número. O Sindicato dos Jornalistas estará ao lado da profissional Cristiane Fortes, e vai exigir das autoridades do Paraná que respondam de maneira exemplar na punição dos envolvidos nesse crime contra a categoria, o qual estimula ainda mais violência e inibe o jornalismo praticado em nome do interesse público.

O trabalho dos jornalistas no Brasil ainda incomoda muitos setores que, incapacitados de conviver com a democracia, julgam-se no direito de bater, prender, insultar e, em alguns casos, até matar. Tentativas de intimidação por ameaças, detenção e atentados. O poder público não só mostra-se incapaz de cumprir seu papel de punir os responsáveis pelas agressões, como, em muitos casos, é agente dessas violências que acontecem na maioria dos estados brasileiros.


* Márcio Rodrigues é presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná

Um comentário:

Anônimo disse...

Será que foi apicada a "Lei Maria da Penha" neste covarde???