Dois jornalistas foram assassinados em menos de 4 dias. Lutemos para que esta violência não prospere
A Federação Nacional dos Jornalistas repudia o assassinato dos jornalistas Mario Randolfo Marques Lopes, ocorrido na quinta-feira (9/02), em Barra do Piraí (RJ), e Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, nesta segunda-feira (13), em Ponta Porá (MS). Solidarizamo-nos com seus familiares, amigos e colegas de profissão, exigimos imediata e profunda investigação das autoridades competentes, com a conseqüente punição dos responsáveis, e cobramos do governo e do parlamento federais medidas urgentes para que o Brasil não prossiga avançando no ranking internacional de violência contra jornalistas.
Mario Randolfo Marques Lopes, de 50 anos, foi morto com um tiro na cabeça e sua companheira, Maria Aparecida Guimarães, que estava com o jornalista, também foi executada. O crime bárbaro ocorreu após o casal ser seqüestrado no Centro da cidade e levado a um local de pouco movimento.
Mario Randolfo havia sido vítima de tentativa de homicídio no dia 7 de julho do ano passado, quando levou três tiros em sua casa, no Centro de Vassouras. Ele editava o site Vassouras na Net, no qual criticava personalidades influentes na região.
Já Paulo Rocaro, que dirigia o site Mercosul News, foi vítima de um atentado em Ponta Porã, quando transitava pela avenida Brasil por volta das 23h30. Dois pistoleiros que estavam em uma motocicleta dispararam mais de 12 tiros de pistola 9mm contra o jornalista, que foi atingido por 5 deles.
Paulo não resistiu aos ferimentos e faleceu no Hospital Regional de Ponta Porá por volta das 4h20 desta segunda-feira. Segundo a polícia, o crime pode ter motivações políticas.
A FENAJ acredita que as autoridades policiais e judiciárias dos dois municípios se empenharão na elucidação dos dois crimes bárbaros e punição dos responsáveis, mas exige do Ministério da Justiça iniciativas para reforço das investigações e rápida apuração das responsabilidades por tais crimes.
Nos relatórios anuais produzidos pela FENAJ – e distribuídos às autoridades brasileiras – sobre violências cometidas contra jornalistas no Brasil, políticos regionais ou nacionais sempre figuram entre os principais agressores. Isso se confirmou no Relatório “Violência e Liberdade de Imprensa no Brasil”, relativo a 2010 e certamente o mesmo ocorrerá no relatório que a Federação está elaborando sobre as agressões cometidas contra jornalistas no ano passado.
Igualmente, no Relatório da FIJ relativo a 2011, o Brasil aparece entre os países com mais registros de morte de profissionais de comunicação. Tais dados, infelizmente reforçados pelo assassinato dos colegas Mario Randolfo Marques Lopes e Paulo Roberto Cardoso Rodrigues neste início de 2012, exigem medidas mais enérgicas para constranger a impunidade, especialmente do Governo Federal e do Congresso Nacional.
No dia 8 de fevereiro a Executiva da FENAJ discutiu com o deputado federal Delegado Protógenes (PCdoB-SP) iniciativas para ampliar o debate sobre o Projeto de Lei 1078/11, que propõe a federalização da apuração de crimes contra jornalistas. Avançar para uma rápida tramitação e aprovação de tal proposta, diante dos dois recentes casos de violência contra profissionais de imprensa, hoje se impõe não como um desejo corporativo, mas como uma necessidade premente de um país que realmente reconheça na liberdade de imprensa um pilar fundamental para o efetivo exercício da cidadania e da democracia.
Brasília, 13 de fevereiro de 2012.
Diretoria da FENAJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário