Apesar dos baixos salários e condições de trabalho muitas vezes fora do convencional, a profissão de jornalista é uma das mais procuradas em diversos setores da sociedade. O próprio curso de comunicação continua sendo um dos mais concorridos nas universidades públicas e privadas.
Mesmo com a derrubada da exigência do diploma para exercício da profissão e notória falta de união entre os profissionais, o jornalista ainda é um referencial à sociedade. Prova disto é a recente pesquisa promovida por um dos principais institutos do país e divulgada por veículo de abrangência nacional.
A pesquisa do Ibope Inteligência divulgada pelo jornal “Valor” revela com clareza o grau de confiança que o brasileiro deposita em instituições. Mais uma vez os jornais despontaram na frente (60%) de outras instituições como igrejas (57%), multinacionais (53%) e governo (22%). Ou seja, os jornais têm três vezes mais credibilidade do que o governo, segundo o Ibope.
Já na outra ponta do estudo, com baixíssima credibilidade (2%) – não se sabe por quê - estão os políticos, pois a pesquisa mediu profissões também. À frente estão os bombeiros (97%), os pilotos de aviação (83%). Os jornalistas estão muito bem posicionados, com 51% de avaliação positiva, acima de motoristas de táxi (40%) e policiais (26%).
A mesma pesquisa foi promovida em 2008 e a ordem de preferência e credibilidade permaneceram iguais, com uma alta de cinco pontos de aumento na comparação entre jornais e igrejas. Dados como este trazem novamente a corrente que circula dentro das academias afirmando que o jornalismo é o quarto poder. Fica atrás dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
Aliás, o Ibope deveria aproveitar a oportunidade e pesquisar a credibilidade e grau de confiança que o brasileiro tem em nossos magistrados, bem como no Judiciário como um todo. Se a iniciativa de desregulamentar o setor e derrubar exigências de diplomas se estender aos bacharéis de direito, significa a volta dos rábulas.
Os rábulas eram advogados que, não possuindo formação acadêmica em Direito (bacharelado), obtinham autorização do órgão competente (no período imperial) ou da entidade de classe para exercer, em primeira instância, a postulação em juízo.
O jornalista paranaense Tomás Barreiro afirma que a existência ou não de Conselho ou Ordem de determinada profissão, assim como a exigência ou não de diploma de nível superior para exercício profissional, pouco têm a ver com a suposta importância social dessas profissões. Está relacionada, muito mais, ao poder de articulação e à representatividade de cada categoria. Ou seja, desregulamenta-se a profissão de jornalistas que incide diretamente na vida da população de forma positiva ou negativa, mas regulamenta-se a profissão de mototaxistas. Um balaio de incoerência!
Osni Alves Júnior, 27, é jornalista e assessor de comunicação de associação de classe, além de profissional liberal. Atuou em veículos de comunicação de Blumenau, Jaraguá do Sul e atualmente reside e trabalha em Joinville.
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