quarta-feira, 1 de julho de 2009

Veículos de comunicação são censurados e jornalistas agredidos em Honduras

Do site da Fenaj:

O golpe militar ocorrido domingo (28/06) em Honduras vem provocando uma onda de protestos no país e reações internacionais. Organizações como a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), a Federação dos Jornalistas da América Latina e Caribe (FEPALC) e a FENAJ denunciaram que os golpistas estão mantendo os veículos de comunicação hondurenhos sob forte censura e que agressões a jornalistas são constantes.

O presidente eleito, Manuel Zelaya, foi deposto no domingo por um golpe militar respaldado pela justiça e congresso hondurenhos, e está refugiado na Costa Rica. O país tem eleições gerais previstas para 29 de novembro deste ano e Zelaya pretendia realizar no domingo uma consulta popular para reformar a constituição e estabelecer a possibilidade de reeleição presidencial.
Após a deposição do presidente, o congresso hondurenho aprovou a "renúncia" de Zelaya – que negou tal pedido - e nomeou o presidente do parlamento, Roberto Micheletti, como presidente interino do país.

Desde domingo organizações e agências internacionais passaram a denunciar que rádios, TVs e jornais que não apóiam o golpe foram fechados, entre eles a americana CNN em espanhol e a venezuelana Telesur. Também há denúncias de agressões e impedimento ao trabalho dos jornalistas na cobertura dos acontecimentos. Na capital Tegucigalpa, onde é mais forte a reação popular ao golpe, manifestações são reprimidas violentamente e não há informação oficial sobre o número de feridos e detidos. Segundo o Comitê para a Defesa dos Direitos Humanos (Codeh), além de dezenas de pessoas feridas, já são mais de 30 presas.

Nesta segunda-feira houve protestos de entidades internacionais de proteção à liberdade de imprensa. No mesmo dia representantes de diversos países da América Latina se reuniram na Nicarágua e condenaram a intervenção militar.

Veja, a seguir, a manifestação da FIJ, FEPALC e FENAJ.

FIJ, FEPALC e FENAJ condenam firmemente os ataques a jornalistas e meios de comunicação depois do golpe de estado em Honduras

A FENAJ se junta à Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) e à Federação de Jornalistas da América Latina e Caribe (FEPALC) na condenação veemente aos ataques sofridos por jornalistas e ao fechamento e invasão militar a meios de comunicação em Honduras. Essas flagrantes violações à liberdade de imprensa e de expressão são conseqüência direta do golpe de estado contra o presidente constitucional Manuel Zelaya, que teve sua residência invadida por homens encapuzados e armados, tendo sido retirado às pressas do local para não ser assassinado e se refugiado na Costa Rica. De lá, o presidente Zelaya deu entrevistas denunciando inclusive como falsa a carta lida no Congresso onde ele dizia ter renunciado.

“Aqueles que assaltaram o poder em Honduras enfrentam um isolamentos internacional unânime”, declarou Paco Audije, secretário geral adjunto da FIJ, que acrescentou: “E uma das repercussões mais imediatas foi a tentativa de acabar com o pluralismo e silenciar os jornalistas. Não permitiremos que isso aconteça, porque é nessas horas dramáticas vividas pela sociedade hondurenha que o trabalho dos jornalistas é mais necessário do que nunca.”

A FIJ a FEPALC e a FENAJ consideram de extrema gravidade o fechamento e ataque aos meios de comunicação e seus jornalistas. As duas organizações saúdam a coragem dos companheiros do Canal 36 de televisão, que mantiveram a emissora no ar mesmo com a invasão dos militares, às 5 horas da manhã. Os militares destruíram as instalações, atacaram o único jornalista que encontraram e detiveram o pessoal da administração durante duas horas.

Também foi noticiado o fechamento total ou temporário de emissoras como Rádio Globo, a TV Maya Canal 66, o Canal 11 e a Rádio Progreso. Várias operadoras de TV a cabo foram afetadas por interferências para não pudessem transmitir o canal da CNN em espanhol e a Telesur da Venezuela. Os correspondentes da Telesur e da agência de notícias AP foram presos e depois liberados. Jornalistas dos diários El Tiempo, La Tribuna e El Heraldo foram agredidos.

A FIJ, a FEPALC e a FENAJ estão em alerta para apoiar a seus colegas em Honduras, assim como para que essa cooperação contribua para devolver Honduras à sua trajetória constitucional e à garantia plena das liberdades de imprensa e de expressão.

30 de Junho de 2009.


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