Jornalista-editor
no Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), o
curitibano Guilherme Carvalho, 32 anos, também é mestre pela UFPR e doutor em
Sociologia pela Unesp, tendo se formado em jornalismo pela UEPG. Cursa pós em
Comunicação, Cultura e Arte na PUCPR. Confira a conversa entre ele e o atual
presidente do Sindijor, Marcio Rodrigues:
Márcio Rodrigues: Qual sua opinião em
relação a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da
profissão?
Guilherme Carvalho: Esse é um debate
que precisa ser aprofundado pela categoria. Hoje, no mercado de trabalho, temos
jornalistas formados (que são a grande maioria) e alguns que são provisionados
ou com registro sem diploma (principalmente no interior). Eu entendo que o
Jornalismo é uma profissão que exige responsabilidade, ética, compromisso com a
sociedade, entre outros requisitos fundamentais para o profissional da área.
Por isso, precisamos de critérios para a seleção de profissionais e essa
seleção deve ser feita pelas faculdades e universidades. Não digo que não hajam
bom jornalistas atuando sem diploma, mas isso é minoria. O grande problema da
queda do diploma, no meu ponto de vista, é a precarização das condições de
trabalho e a tensão pelo rebaixamento e desvalorização da profissão.
MR: Quais
os principais problemas dos jornalistas paranaenses atualmente?
GC: É difícil responder isto porque em cada
lugar há uma demanda diferente. Nas questões gerais, eu diria que é a falta de
regulamentação da profissão e o descumprimento de direitos da convenção
coletiva de trabalho por parte de alguns empresários e políticos, como a
jornada de 5 horas diárias, o piso salarial da categoria, entre outras
questões. Outra questão geral diz respeito à falta de emprego na área.
Precisamos debater alternativas para a geração de emprego, sobretudo com o
avanços das novas tecnologias. Nas específicas, podemos listar as políticas de
meta e produtividade, a exploração do estágio, o desvio de função de
jornalistas em rádios e de repórteres fotográficos em tevês, a multifunção,
além da falta de condições adequadas de trabalho em alguns locais.
MR: O Sindijor conseguiu dois pequenos
aumentos reais no piso salarial nos últimos anos. Como garantir este
crescimento para os próximos anos?
GC: Essa questão passa pelo principal desafio
da próxima gestão, na minha opinião. Ou seja, precisamos desenvolver atividades
que envolvam os jornalistas paranaenses, de modo que o sindicato esteja cada
vez mais forte. Eu entendo que só é
possível avançar nas negociações quando a categoria garante legitimidade para
seus representantes. Então, sem os jornalistas, o Sindijor não é nada. Isso
passa por debate, mobilização e abertura de canais de participação. Não vamos
fazer nada que não tenha sido aprovado pela categoria. E o nosso principal
fórum será sempre a assembleia. Pra mim, representação rima com legitimidade. O
sindicato não sou eu ou o prédio. O sindicato somos nós, jornalistas.
MR: Além do Prêmio Sangue Novo e do Sangue
Bom, o que esperar desta gestão no que diz respeito a eventos?
GC: Esses prêmios já viraram referência
nacional e não vamos medir esforços para manter a tradição destes eventos. Além
disso, temos também o desafio de realizar o congresso dos jornalistas, o
torneio de futebol, que queremos que tome caráter estadual, e ciclos de debate
ou seminários para abordar o exercício profissional.
MR: Como avalia as gestões anteriores do
Sindijor?
GC: Nestes últimos anos tenho percebido
avanços significativos como resultado da organização dos jornalistas. Participei
da gestão 2003-2006 e posso dizer que os últimos anos têm sido marcados por
conquistas. Nesse sentido, pretendemos dar continuidade ao que vem dando certo.
Por outro lado, sabemos que ainda há muito que avançar e que em muitos locais
ainda temos problemas sérios que precisam ser resolvidos. Isso só ocorrerá se
os jornalistas se perceberem como o próprio sindicato. Precisamos trazer para o
sindicato aqueles jornalistas que estão dispersos, como os de assessorias, das
redações menores, os recém-formados e também os estudantes. Nossas conquistas
dependerão da nossa capacidade de participação.
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