*Roberto Elias
Salomão
“Eu acrescentaria
que a força pode esconder a verdade, a tirania pode impedi-la de circular
livremente, o medo pode adiá-la, mas o tempo acaba por trazer a luz. Hoje, esse
tempo chegou” - (Presidente
Dilma Roussef, finalizando o discurso com que empossou os sete membros da
Comissão Nacional da Verdade).
Com
razões de sobra, esta quarta-feira, 16 de maio de 2012, poderia passar a
figurar, na história do Brasil, como uma data histórica. Além da oficialização
da Comissão Nacional da Verdade, no mesmo dia entrou em vigor a Lei de Acesso à
Informação, que garante a todo cidadão brasileiro o conhecimento dos atos e
documentos emanados do poder público.
O
título deste artigo é uma frase pinçada do discurso da presidente Dilma. A
verdade buscada não se limita ao objeto de investigação da Comissão Nacional da
Verdade, embora este objeto, por inúmeras razões, constitua uma parte
importantíssima do todo. A Lei de Acesso à Informação terá um papel maior na
elucidação do presente, tanto no tocante aos direitos humanos, quanto no que
diz respeito ao trato do dinheiro público e a quaisquer outros aspectos que
envolvem a relação entre o cidadão e o Estado. O futuro, de todos nós,
agradece.
Passado,
presente e futuro. Nesses dois atos da presidente, o tempo reconcilia-se com a
sua unidade.
Aliás,
não é outro o objetivo de todos aqueles que se envolvem na luta para desvendar
as violações de direitos humanos ocorridas no Brasil, particularmente durante o
regime militar que vigorou entre 1964 e 1985. Revanchismo, dirão muitos. Seria,
porém, muita pequenez limitar as pretensões deste grande movimento à prisão de
meia dúzia de torturadores ainda vivos e em condições mentais de se apresentar
diante de um tribunal.
Que
a justiça deve ser feita, é desnecessário dizer. É um acinte que torturadores e
mandantes não tenham ainda sido julgados e condenados. Isso, contudo, é apenas
parte da história.
A
busca da verdade, o conhecimento dos fatos reais e o reconhecimento oficial dos
crimes, dos criminosos e das vítimas serão a maior homenagem à democracia deste
país. O Brasil merece a verdade.
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